"Digno é Deus, o criador, de toda honra e toda glória para todo o sempre".

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21 de dez. de 2007

Dor de um Anjo

Por toda minha vida andei nessa avenida buscando algo que me completasse. Fui um fracasso ( isso não posso negar).Estou ciente de minha incapacidade.
Como um anjo sem asas caído...estou na lama, totalmente sozinho...está chovendo muito forte- uma tempestade que não parece ter fim.Olho para cima de onde estive por alguns momentos e vejo o anjo que me tirou as asas, o mesmo que me fez tão feliz mesmo que por pouco tempo.Ele me fez ver algo bom nessa avenida que agora, como que num passe de mágica se transforma num cemitério.O cemitério dos meus sentimentos.
Entre os túmulos caminho na esperança de vestígios de vida.Na verdade procuro o anjo que tirou-me as asas.Quero ouvir algo de seus doces lábios, os mesmos que me fizeram ver o céu mesmo estando na terra.
Entro numa rua onde a luz do luar cobre meu rosto,então fecho os olhos e lembro-me dos momentos maravilhosos com o anjo que tive em meus braços por alguns momentos o qual me fez ver em seus olhos a esperança de vida.Ele foi capaz de transformar aquele parque em nosso céu, e aquilo me deixou muito feliz.
Ele deitou em meu colo e fiquei alisando seus cabelos até que pude beijá-lo....(momento sublime aquele).Ele parecia me conhecer por dentro, pois seus beijos tocavam me a alma.O tempo foi inimigo, como sempre.
Tento abrir os olhos extasiado com tais lembranças e é projetado em meus rosto a luz do luar que é tão forte quanto minha dor.Consigo lentamente abrir meus olhos e enxergar o que há à minha frente.Quando consigo abrir completamente meus olhos eu vejo um ser sobre um túmulo onde está escrito numa lápide:”Amor não consumido, abandonado, desprezado”
Á medida que me aproximo percebo que ele parece lamentar as verdades escritas na lápide.Eram suspiros, gemidos e soluços.Aproximo me mais ainda e vejo que é um anjo.Ando em volta dele e percebo que não possui asas e que no lugar delas há sangue.Deduzo que estas foram-lhe tiradas.Ajoelhei-me diante do dele, e em segundos escorre dos meus olhos uma lágrima que cai ao chão e instantaneamente brota uma rosa-negra; eu a seguro ouço passos, me viro para trás e avisto o Destino.Ele vem com um sorriso maléfico.O eco de sua gargalhada escoa por todo o cemitério como que numa caverna.Ele me seguiu pelas gotas de sangue que fui deixando ao longo do percurso.Ele apanha essas gotas e as guarda dentro de si.
Volto-me para o anjo e vejo outro atrás dele... parece decidido e ao mesmo tempo indeciso.Tem um rosto encantador, 4 asas pois tirou duas do anjo sentado á minha frente.O anjo de 4 asas sorri, então sou tomado por um prazer jamais sentido antes.
Enquanto contemplava aquele sorriso o anjo sentado a minha frente diz pra mim numa voz fraca e lenta: “Eu sou você” em seguida me toca, nesse instante uma luz surge de nossos corpos, que em segundos se fundem em um só.A rosa-negra cai de minha mão.Então me viro para o anjo de 4 asas pego novamente a rosa-negra lhe ofereço e falo: “Desculpe se te amo”.

15 de dez. de 2007

~ Soneto 35 ~

Não chores mais o erro cometido;
Na fonte, há lodo; a rosa tem espinho;
O sol no eclipse é sol obscurecido;
Na flor também o inseto faz seu ninho;

Erram todos, eu mesmo errei já tanto,
Que te sobram razões de compensar
Com essas faltas minhas tudo quanto
Não terás tu somente a resgatar;

Os sentidos traíram-te, e meu senso
De parte adversa é mais teu defensor,
Se contra mim te excuso, e me convenço

Na batalha do ódio com o amor:
Vítima e cúmplice do criminoso,
Dou-me ao ladrão amado e amoroso.



William Shakespeare
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