Escrevi sobre uma violeta. Ela era tão bela, brilhava diante de meus olhos com seu tom mesclado como branco que contrastava como verde de seu caule; algo incrivelmente perfeito.
Eu a admirava todos os dias, e pela manhã seu brilho eram mais belo ainda, suas pétalas eram diferentes como que se renovassem para mim a cada dia. Eu a namorava todos os dias, e ela sabia muito bem disso, ma existia um sentimento por trás daquilo tudo. Eu a admirava e invejava sua trajetória, eu a invejava. Ela tinha a vida que eu desejo ter, suas pétalas abrem como eu gostaria que minhas asas se abrissem quando sentisse a luz do sol ao acordar.
Negro sentimento!
Eu a amava tanto, mas... Chegou o dia, eu estava muito magoado, minhas asas estavam ensangüentadas e eu me sentia só, totalmente sem ninguém, perdido numa floresta onde não sou bem vindo. Lobos e corvos tentam me devorar, me ferem e o que eu tinha como uma rosa inofensiva de repente crava seus espinhos em mim me enfraquecendo para servir de alimento aos corvos... Fiquei imóvel, não gemi, só sangrei. Eu pude escutar o fluxo de sangue do meu coração a cada espinho que o perfurava e a cada ação do corvo, mas consegui sair vivo, porém ferido, muito ferido. Esse foi o motivo que me levou a fazer o que fiz.
Pobre violeta.
Tão bela,
Tão jovem,
Tão vívida e agora...
Eu escrevi uma palavra muito forte sobre ela, eu a feri. Feri suas pétalas assim como feriram minhas asas.
Eu a colhi do meu quintal, não era manhã, mas seu brilho era o mesmo; jovial como sempre. Suas cores ainda vibrantes, mas meu desespero fez cessar isso tudo. Apanhei do meu quintal, eu a queria para me fazer companhia, caminhei em direção ao quarto, entrei, tranquei a porta atrás de mim e sentei-me sobre minha cama fria.No quarto, eu, a violeta e a solidão; os três sentados sobre a cama, sem rumo na vida. Peguei a violeta e segurei a ternamente em minhas mãos, então a beijei, nesse momento senti sua pele tocando a minha. Sua suave pele sendo esfoliada por minha barba, depois de alguns momentos assim, tornei uma caneta e escrevi sobre uma pétala, era linda aquela palavra que a cada curva da caneta ia formando o que eu mais desejava naquele exato momento.
Não correu uma lágrima sequer dos meus olhos, pois tudo está seco, frio, pálido e morto. Fico como que em transe contemplando aquela palavra escrita sobre a pétala e lembrando-se das minhas feridas incuráveis, quando sinto uma dor extremamente forte em minhas asas e acordo do transe, olho para a violeta e vejo que está murchando. Lamentando tê-la tirado a vida eu pego uma folha de papel que agora escrevo e segurando a violeta, começo a escrever o que agora você lê. À medida que escrevo, a violeta vai murchando, até o nome que eu havia escrito se tornar ilegível, então a seguro tentando abrir suas pétalas e leio o que eu tanto desejo, leio o que havia escrito, leio o que já não se pode ler, leio para mim mesmo e para a solidão que sentada ao meu lado, sobre minha cama, observa sair da minha boca o que eu pronuncio lentamente: amor,
amor, amor, amor...
Obs: texto escrito em 28/06/2008
http://digho.blogspot.com/