Eis me aqui, desolado,
como nos séculos de minha juventude sobre meu próprio túmulo esperando as belas rosas-negras
meu sonho cotidiano.
Hoje é o dia da Festividade das Essências.
Ao meu redor milhares de anjos seguram rosas-negras.
O cemitério está exuberante com flores raras do submundo.
Anjos exibem suas asas que embevecem a outros.
Epitáfios dão lugar a frases humanas do chamado amor que,
encantadas, se entrepõem formando uma deslumbrante história com final feliz.
O coral das corujas entoam canções jamais cantadas,
já os corvos seguem a tradição com uma melodia mais clássica.
Ao abrir a cortina de nuvens,
a Lua, madrinha da noite, anuncia a todos o inicio da festividade.
A abertura é iniciada com quatro casais de morcegos
sobrevoando de forma coordenada compondo uma entusiasmada dança no ar.
É chegado o momento mais esperado da festividade.
Nesse instante o Outono contribui com suas habilidades,
sopra uma brisa por sobre as árvores causando uma lenta "chuva" de folhas;
encantadas com o brilho da lua.
Algo extraordinário.
A lua se esforça e intensifica seu brilho,
refletindo nas folhas sua paixão pelo dia de hoje.
É como se cristais caíssem do céu em nesta noite tão negra quanto o que sinto agora.
Olho para o epitáfio na esperança de haver alguma mensagem,
mas o que vejo é a mesma história que escrevi antes estar aqui que dizia:
“ ....desculpe se te amei demais a ponto de viver minha vida toda à sua espera, assim como faço até hoje, volte logo amor.”